Borboleta

Acordei em algum lugar, não sabia onde, me senti presa, sufocada. Onde eu estava? Olhei para todos os lados, não via a claridade, nem ao menos um ponto de luz, salvação.
Há muito tempo eu estava ali. Estava morrendo. Assustada, resolvi fechar meus olhos e sonhar com minha liberdade.
O céu azul, um lindo campo com grande girassóis, cenário perfeito para voar, se perder em meio ao verde. E foi o que fiz, libertei minhas asas daquela escuridão e com toda minha força, as bati em direção as flores, eu estava livre, nunca mais voltaria para aquele lugar, breu em que eu não sentia nada além de medo e vontade de me jogar no ar e apenas respirar ar puro. Mas...
Era um sonho.
Naquele momento, perdi as esperanças, eu não sairia dali, ninguém iria me salvar e eu nunca conseguiria sozinha. Chorei, como um bebê que perde sua mãe ou uma mãe que não o vê nascer. Então tive um ataque de raiva, me contorci, me estiquei, me esapremi até a ponta da minha asa quebrar, a dor penetrou pelas minhas veias, senti cada extremidade do meu corpo latejar, gritei. Não aguentava mais, minha asa e consequentemente minha cabeça doiam, eu tremia de frio naquela escuridão e tinha pavor daquele lugar.
Quando acordei estava livre, meu casulo tinha secado e agora eu poderia voar. Com uma alegria estonteante sorri ao ver os girassóis que eu tanto sonhava, voei em direção a eles, depois fui para o céu, quando estava perto do topo de uma árvore gigante, avistei água, esta refletia o dia lindo que estava, fui chegando mais perto, até que parei sobre o líquido e me vi pela primeira vez, como eu estava linda, minha asa, já curada, formava um ângulo perfeito e tinha cores vibrantes, o que eu nunca consegui perceber em minha antiga prisão. Derrepente, uma sombra surgiu na água, não reconhecia aquela forma, neste instante outra igual a mim passou voando, fiquei pasma por existir outras da minha espécie, elas teriam sofrido o mesmo que eu? Nunca saberei, a sombra se transformou em um enorme sapo. Morri.